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Lives, comportamento do consumidor, um novo mundo ou a manutenção do que passou.

Antes, queria dizer que todo pensar e publicar surgem de inspirações. Hoje, ao revisar e, enfim, por no ar essa pequena reflexão, queria deixar aqui registrado o meu carinho e solidariedade a toda família Blanc, pela perda do nosso amado Aldir Blanc. Autor, compositor, ativista, ser popular e incrível que muito me fez por letras e palavras no papel. Além de jamais me deixar esquecer a nossa origem popular, alegre, fraterna e feliz. Até logo, camarada.


Não é sobre certo ou errado, mas um olhar a partir das lives e suas construções. Quando vemos Jorge e Matheus com Garçom (ok, impliquei muito com isso) e toda a estrutura que a Brahma imprimiu nas suas transmissões patrocinadas. Ivete Sangalo de Pijama, na cozinha, com um filho pentelho e um marido que não para de comer. Sandy e Junior pedindo bateria para o violão e Jack Johnson sentado de pernas cruzadas no quintal, como exemplo de exibições bem diferentes, a gente tem uma visão muito clara de valor. Se olhar a partir da perspectiva da publicidade e do marketing, eles imprimem, cada um, em suas apresentações durante a pandemia do covid-19, as relações que querem ter com o seu público, com o mercado e, por que não, com o mundo. Eu adoro falar de questões subjetivas, por isso, coço o dedo em esticar a corda e apostar que imprimem também o mundo como eles enxergam e apostam. Esta não é uma publicação moral, ok?! Não trato de certo ou errado, mas de escolhas, mesmo que ao término pense em falar das conexões que essas lives trazem para o novo mundo que começa a se desenhar.


Essa conversa é dura, porque cabe aqui muitas análises, em especial sobre a segurança e como os ambientes construídos casam com um período de isolamento social e total cuidado com o vírus. Mas vou pular tudo isso para seguir analisando como as apresentações significam mundos, alguns, aposto eu, distante do que teremos pela frente.

Quando os artistas sertanejos e a galera do pagode, em sua maioria, apresentam ambientes ornamentados, repletas de marcas, luxo, garçom, letreiros e tudo mais, eles imprimem o glamour dos seus shows. Da noite. Das produções. É a forma de manter uma estética que sustenta uma forma de comunicar. É, ainda, a maneira que encontram para criar identificação com o seu público. Até o último sábado tinha uma avaliação que isso era importante para a coisa funcionar. Aí veio Jack Johnson e Ivete e mostraram que não.


Com apresentações que lembram os momentos mais engraçados da nossa quarentena e home office, como passar o dia com aquele pijama que dormiu, até mesmo na reunião da agência. Os furos do cão latindo, vizinho passando e a gente esquecendo que estamos ao vivo, com o microfone ligado. Ivete, Marília Mendonça, Johnson e tantos outros foram na linha contrária, conectada com um mundo que mais parece fazer sentido, aquele em que os valores agregados perdem peso, como as relações com as marcas no Instagram caíram mais de 20%, segundo estudo Social Breaks. E no seu lugar entra o simples. O pé no chão, a sala de casa, cozinha ou jardim. A água que o companheiro ou companheira pega... e uma mensagem que entretém e dá conta de mostrar que sairemos dessa, porém, de uma outra forma. O retrato do real aproxima, engaja e gera conforto ao construir a percepção que, independente das nossas diferenças, nós temos muito em comum. E estamos vivendo, ainda, da mesma maneira. E essa simplicidade, acesso e rompimento de barreiras, afinal, eu sei o que uma estrela da música brasileira tem pendurada na sua geladeira, tudo isso apresenta um mundo ainda mais próximo, apesar do distanciamento físico. Apresenta relações com marcas, seja de produtos, serviços ou sujeitos, que precisam criar mais do que identificação, precisam mostrar que estamos juntos até no pior momento. E essa mensagem, a conexão, não consegue ganhar nenhuma força com uma estrutura em casa que mais remete as grandes casas noturnas, além de dar margem para debatermos sobre quem monta aquilo tudo e como se faz entendendo que a prioridade é ficarmos isolados? Claro que tem como fazer, porém, é complicado.


Seguimos pensando, juntos, online e tentando entender esse mundo que surge para todos nós.

Rodrigo Azevedo

Diretor Geral e de Criação da Agência Dona Neia

Revisão: Vanessa Dal Bello

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